16.12.08 -
Ao analisar a performance dos setores de comércio e serviços em 2008, que correspondem ao maior número de empregos formais do Estado (mais de 50%), o presidente da Federasul, José Paulo Dornelles Cairoli, disse que se medidas urgentes também na área dos municípios não forem tomadas, os empregos em 2009 estarão comprometidos. A recessão decorrente da crise global já mostra seus efeitos e deverá ser maior no início de 2009, o que vai provocar desemprego. Cairoli apresentou os dados e perspectivas na entrevista coletiva anual da entidade, no Palácio do Comércio, em Porto Alegre, nesta segunda-feira.
Para incentivar ao consumo e manter os empregos, os novos prefeitos poderiam abrir mão de parte dos impostos municipais como IPTU e ISSQN, ampliando assim os resultados do pacote anticrise do governo federal anunciado nesta semana para evitar a recessão. Cairoli também anunciou que vai fazer um apelo ao governo do Estado para rever as alíquotas de seus impostos, especialmente o ICMS, beneficiando assim as empresas que, com menor carga tributária, poderão ter mais fôlego para manter os empregos.
Se a economia em 2008 cresceu vigorosamente (apenas no terceiro trimestre o PIB avançou 6,8% em relação aos mesmos meses do ano anterior), seus números consolidados, embora reais, estarão fora do contexto atual especialmente no setor de comércio varejista e de serviços. Eles terão desempenho positivo, sem que haja perspectiva de serem mantidos em 2009. "Teremos uma autêntica fotografia do passado", enfatizou Cairoli.
De outubro a dezembro de 2008, já se consolida uma redução significativa no consumo como decorrência direta da restrição do crédito e da ameaça do desemprego. As mesmas famílias que, no terceiro trimestre de 2008, impulsionaram o crescimento da demanda em 2,8% do PIB, segundos dados do IBGE, não serão mais sustentadas pela massa salarial que foi responsável pela expansão de 10,6% do consumo e pelo saldo das operações de crédito que cresceram 29,6% no mesmo período.
Em 2009 o cenário já é outro, lembrou o presidente da Federasul. Novas medidas precisam ser tomadas já que as anunciadas nesta semana vão ampliar em apenas 0,5% o consumo das famílias e equivalem a 0,8% da carga nacional de impostos. Para manter os empregos e para combater a recessão, o País precisa de uma maior desoneração da folha de salários, o que pode ser feito por uma simples medida provisória. No entanto, lembrou Cairoli, precisamos especialmente da redução de juros e de novas metas de aperto fiscal. "Os governos precisam gastar menos", conclui.